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Criatividade dentro do RPG de Mesa

Veja como dar asas a sua imaginação e exercitar sua criatividade para criar aventuras, momentos únicos e universos de RPG!

Imagem: Nomax


Criar histórias mirabolantes, personagens complexos, momentos catárticos e reviravoltas inesperadas. Tudo isso faz parte do trabalho de criatividade dos jogadores e mestres de RPG, dentro e fora da mesa. Mas você se considera uma pessoa criativa?


No texto dessa semana, vamos abordar um tema que muitas vezes acaba, de certa forma, se tornando um mito ao redor de algumas atividades. Principalmente dentro do ramo artístico.


A criatividade constante e o desafio de ser criativo


Muitas vezes atrelada à inventividade, à inteligência e ao talento (nato ou adquirido), a criatividade é um termo visto com um certo glamour. No sentido de que apenas a pessoa que possui determinadas características consegue ser criativa. Mas, no texto de hoje, vou tentar desconstruir este abismo e mostrar que todos podemos ser criativos, mesmo que não tenhamos o “traço de criatividade artística”.


Antes de mais nada, precisamos repensar o termo criatividade. O que é ser criativo? É algo que nascemos sabendo? É algo que apenas gênios da arte conseguem fazer com maestria? Ou é algo que aprendemos e nos acostumamos a fazer em nosso dia a dia dependendo de nossas atividades? Na verdade, todos e nenhum estão corretos pois cada pessoa terá uma abordagem diferente ao longo do processo que fará com que a criação se torne algo natural para ela.


Então, o ponto chave aqui é que o ato de ser criativo é extremamente pessoal e depende dos processos mentais de cada pessoa. Claro que existem pessoas com o traço criativo mais aprofundado, mas isso raramente acontece por uma habilidade nata da pessoa, algo que ela nasce sabendo fazer. Geralmente isso ocorre pelo entorno social, político e psicológico em que estamos inseridos, o que faz com que certas pessoas treinem esse traço específico mais vezes ao longo da vida.


Mas como eu posso ser criativo?


Antes de tentarmos ter aquele momento de estalo criativo (momento eureka), em que a ideia surge em nossa mente e tudo parece fazer sentido no mesmo segundo, temos que pensar que nada é tão simples e nem vem tão fácil. Primeiro precisamos colocar nosso cérebro em modo criativo.


Para isso, o desafio é justamente começar, sair da folha em branco para algo que começa a tomar forma e, nesse sentido, a melhor dica é justamente não ter medo de errar nesta etapa. Utilize todas as referências que você possui, desde filmes, HQ’s, livros, músicas, séries e assim por diante.


Saia da folha em branco o mais rápido possível!


Se você ainda não tem sua ideia central, comece por outros pontos menores e coloque-os no papel.

  • Quando e onde a história se passa?

  • Há algum detalhe que você gostaria de inserir no cenário?

  • Quem são os personagens principais e como eles se comportam?

  • Quais acontecimentos inusitados que podem ocorrer?

  • Quais elementos de lore podem estar presentes?

  • Como é a comida desse universo?

  • Quem habita a região?

  • Quais relações de poder você quer trazer para esta aventura/personagem?

  • Que filmes, músicas, livros e seriados se aproximam de nosso enredo?

Estes são apenas exemplos de uma infinidade de pensamentos que podem lhe ocorrer ao longo desta etapa, mas cuidado! Não ignore nada, nem mesmo o detalhe mais banal. Pois a intenção aqui é colocar nossa mente em modo criativo, fazendo com que nossos pensamentos comecem a girar cada vez mais em torno de nossa história e se distanciem do mundo real. O objetivo nesta etapa é nos fornecer uma ampla gama de escolhas para que possamos visualizar e racionalizar nossas decisões, tomando direcionamentos cada vez mais precisos.

Uma artífice, de pé, segura um tubo de ensaio fumegante em cada mão, erguendo-os para o alto. À sua frente, há uma bancada com um enorme livro aberto, cheio de páginas marcadas.

Imagem: alifka96


Vá até a ideia, não espere que ela venha até você


A intenção agora, depois de nosso brainstorm, é começar a direcionar nosso pensamento para questões mais relevantes. É assim que, ao longo do processo, geralmente temos nosso(s) momento(s) eureka. Mergulhe em seu universo, pense em como as questões anteriores podem se encaixar dentro desse contexto, onde há espaço para mais elementos, onde é necessário repensar algo.


Procure novas referências ao longo de sua criação. Pode ser que uma aventura antiga que você jogou sirva de inspiração para algum detalhe de seu cenário, ou ainda um filme que você ouviu falar por acaso e que se assemelha à sua proposta.


Leve aquele velho ditado que diz “nada se cria, tudo se copia” a sério. Portanto, use e abuse de referências que você sabe que funcionam, mas procure dar uma outra roupagem para estes elementos dentro de sua aventura afim de torná-los únicos.


Aqui é onde nossa ideia toma forma. Onde jogamos fora, reescrevemos, criamos e destruímos elementos até chegar no momento de satisfação quando tudo parece se encaixar. Crie uma estrutura concisa de seu arco narrativo, com começo, meio e fim. Então, localize os elementos principais ao redor dele.


A criação nunca termina


Após nosso momento catártico de criação, é comum ficarmos sem ideias ou saturados de tanto pensar. Mas não tem problema! O ato de criar nunca termina. Pode ser que, em algum momento ao longo do dia, seu cérebro retorne ao “modo criativo” quando você menos espera e surja com uma ideia mirabolante para o enredo. Fato é que, quanto mais nos obrigamos a pensar criativamente, mais fácil vai se tornando essa atividade. Consequentemente, a troca de perspectiva entre mundo real e ficção é facilitada para a criação.


A criatividade é um exercício constante e nada do que produzimos pode se tornar imutável ou imaculado. Portanto, procure sempre novas referências, novos conceitos e crie novas ideias para seus universos, personagens, vilões e afins! Para isso existem milhares de materiais já publicados que podem (e devem) servir de inspiração. Logo, lembre-se que o estudo também faz parte da criatividade, pois é através dele que expandimos nossos horizontes.


Contudo, não tenha medo de parar por alguns momentos e dar um passo para trás. Pois, muitas vezes, quando nos distanciamos de nossa criação, conseguimos vê-la com outros olhos e de uma nova perspectiva, para depois nos aprofundarmos novamente em suas questões.


Lembre-se que não existem ideias ruins, existem ideias mal trabalhadas! Não jogue fora uma criação que em um primeiro momento não lhe agrada. É preciso dar tempo ao tempo; e tempo à mente. Siga criando, reinventando, construindo e desconstruindo.

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