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Uma história sobre a arte em D&D

Um pouco da história das ilustrações originais de D&D! Primeiro post da série sobre a história das artes do maior RPG de mesa do mundo!

Imagem: capa de Chainmail


Em qualquer aventura de RPG, procuramos criar em nossa mente um universo que reflita a descrição do mestre, narrador, guardião, ou seja lá qual termo seu RPG de preferência utilize. Ao mesmo tempo em que a imagem que pintamos em nossa mente é extremamente pessoal, contudo, alguns símbolos se repetem inúmeras vezes, para todos. Podem ser situações pontuais, monstros ou cenas comuns no universo; quanto mais jogamos, mais concretas tornam-se as figuras dos monstros, personagens, NPC’s e ambientes.


Mas toda esta representação de criaturas fictícias precisou ser criada em algum momento. Como imaginar um Beholder apenas através de uma descrição textual? Como criar uma imagem que reflita um Roper ou um Dragão Dourado de maneira que todos os jogadores entendam como é esta criatura?


Esta preocupação permeia os livros de D&D desde sua criação, e é sobre isso que falaremos hoje, no primeiro texto dessa série sobre a história visual e artística de D&D.


É claro que qualquer análise artística seguirá um viés específico dependendo da pessoa que a observa. Por isso, sempre pode haver discrepâncias entre as visões do artista, do autor deste texto e suas - então deixe nos comentários suas análises e pensamentos!


Para começar, falaremos do precursor de Dungeons and Dragons: Chainmail.


Onde tudo começou


Antes mesmo de Dungeons and Dragons ser lançado, a ideia de trazer os jogos de guerra para uma perspectiva medieval já existia. E foi assim que Chainmail, o precursor de D&D, surgiu. Um jogo de guerra com miniaturas focado em batalhas medievais, mas que também trazia em seu apêndice regras para batalhas de fantasia medieval, como as retratadas nas obras de J.R.R. Tolkien e Robert E. Howard.


Mas como foi o processo de dar vida às armas, montarias e cenários por meio de imagens? Com um orçamento baixíssimo, a saída de Gary Gygax (co-criador do jogo) foi procurar ilustrações já existentes que refletissem a proposta de seu jogo.


Foi então que, a partir dos desenhos de Jack Coggins (“The Fighting Man: An Illustrated History of the World’s Greatest Fighting Forces”), a capa de Chainmail tomou forma: um cavaleiro de elmo e cota de malha atacando soldados inimigos de cima de seu cavalo.


Ilustração original de Jack Coggins, presente em “The Fighting Man: An Illustrated History of the World’s Greatest Fighting Forces” (1966)


Releitura de Gary Gygax (esquerda) e Jeff Perren (direita)


“The Fighting Man: An Illustrated History of the World’s Greatest Fighting Forces” (COGGINS, Jack. 1966)


Por conta dessa situação, Chainmail não possuía imagens de criaturas fantásticas como Trolls e Orcs, apesar de trazer regras para combates de fantasia medieval.


Nos dias atuais, pode parecer estranho que a ilustração de Chainmail seja uma cópia da imagem de outro ilustrador. Mas, na época, isso era um hábito comum (e que foi repetido ao longo da primeira edição de Dungeons and Dragons).


DnD 1ª Edição


Uma das cópias mais bem preservadas da caixa original de Dungeons and Dragons (1974)


Então, surge Dungeons & Dragons, com uma tiragem de apenas mil cópias (ninguém poderia prever o sucesso astronômico que alcançaria, tornando a pequena e rara caixa de livretos tão icônica quanto o próprio jogo).


Como em Chainmail, as ilustrações ainda não possuíam cores e tinham um aspecto que mais se aproximava de um esboço do que de uma arte feita por um ilustrador profissional.


Conjunto dos livros básicos de Dungeons and Dragons. Da esquerda para a direita: “Men & Magic”, “Monsters & Treasure” e “Underworld & Wilderness Adventures”


E, claro, o motivo disso foi a falta de dinheiro. As primeiras mil cópias impressas custaram em torno de $3.000,00, contando apenas o custo da impressão. Deste modo, as artes foram feitas em grande parte por amigos de Gary Gygax e Dave Arneston.


Hipogrifo. Ilustração de Keenan Powell (Meia irmã de Mary Gygax, esposa de Gary Gygax)


Ilustração de Greg Bell, companheiro de jogos de Gary Gygax e Jeff Perren


Ilustração de Greg Bell, tendo como inspiração “Strange Tales”, quadrinho produzido pela Marvel


Capa de Jim Steranko para “Strange Tales #167”, © MARVEL


Com um orçamento de mais ou menos $100,00, a solução foi pagar de 2 a 3 dólares por ilustração, dependendo da complexidade. Além disso, os artistas receberiam royalties na mesma faixa de valor cada vez que mais mil exemplares do jogo fossem impressos. Com o crescimento da demanda, entretanto, esse compromisso veio a gerar um grande desconforto financeiro para a TSR (editora original de D&D).


Os responsáveis pelas ilustrações da primeira edição de Dungeons and Dragons foram em grande parte Keenan Powell, Greg Bell, Dave Arneston e Cookie Corey. Há também uma ilustração criada por Tom Keogh, amigo de infância de Gary que faleceu ainda jovem. Posteriormente o jogo seria dedicado em sua memória.


Desenho de um lobisomem feito por Tom Keogh ainda criança. De longe a ilustração mais antiga de Dungeons and Dragons (10 anos antes da impressão original)


Apesar da simplicidade, as ilustrações originais de D&D cumpriram a função de ambientar os jogadores e mestres dentro do cenário. Criaturas nunca antes vistas agora tinham uma representação visual para o novo público que chegava.


E este é só o começo dessa longa história que se desenvolve até hoje! Para finalizar o post de hoje, deixo mais algumas ilustrações que foram para o miolo dos livros da 1ª edição (abaixo).


Gostaram da história das ilustrações originais? Querem ver mais publicações sobre o assunto?


Contem sobre suas artes favoritas nos comentários - e até a próxima!


Bárbaro de Greg Bell, também baseado na revista em quadrinhos “Strange Tales”


Espadachim de Greg Bell, também baseado na revista em quadrinhos “Strange Tales”


Hidra de Dave Arneston, presente no 3º volume “The Underworld & Wilderness Adventures”


Efreet (Keenan Powell)

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