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Valorizando os RPGs Nacionais

Entenda o problema de não consumirmos RPGs nacionais e aproveite as dicas de sistemas de RPG brasileiros!


Quando foi a última vez que você jogou ou teve contato com um RPG de mesa nacional?


Esta é a pergunta que todos nós devemos fazer antes de ler esse texto. Muitos responderão que faz um bom tempo ou que nunca sequer jogaram - mas não se sinta mal por isso!


A não-valorização de produtos nacionais não é algo novo. Afinal, nós somos criados de maneira a hipervalorizar conteúdos estrangeiros e, por isso, optamos por consumir um best-seller ou seriado americano em vez de um livro ou uma novela brasileira, por exemplo.


Além disso, raramente consumimos produtos que retratam a cultura e realidade do nosso país. E jogos de RPG, como manifestações artísticas, carregam o caráter, a cultura, assim como a identidade nacional do(a) autor(a). Nada melhor do que a nossa realidade para criar a ficção!


O mercado de jogos eletrônicos e analógicos


No ranking mundial, o Brasil ocupa o 13° lugar no consumo de video-games, tendo movimentado US$ 1,5 bilhão em 2018. Isso significa que nós consumimos (e muito) esse tipo de produto, mas com um detalhe: sempre focados no mercado estrangeiro. No ano de 2020, novamente, não há nem sinal de jogos brasileiros nas listas dos mais vendidos.


Considerando que o mercado brasileiro de RPG de Mesa é muito menor do que o de jogos eletrônicos, temos nele um consumo ainda mais restrito de produtos nacionais. Por décadas, as opções foram limitadas aos grandes RPGs norte-americanos, até o surgimento de jogos como 3D&T e Tormenta. Felizmente, ainda que pouco a pouco, isso vem mudando - e hoje temos não só qualidade, mas também quantidade no mercado nacional!


Ao longo do texto, vou deixar indicações de alguns RPGs produzidos por brasileiros - ou relacionados ao nosso país!


Cenários históricos


A primeira indicação é o grande RPG A Bandeira do Elefante e da Arara, que traz como cenário o período colonial brasileiro. Neste jogo criado por Christopher Kastensmidt e publicado pela editora Devir, o folclore nacional é retratado em peso. Embora seja idealizado por um escritor norte-americano, o cenário é totalmente brasileiro e retrata nossa mitologia - com direito a saci, mula-sem-cabeça, práticas espirituais indígenas e mais!


Em contraponto, com incentivo do Governo do Estado de Espírito Santo e sua Secretaria de Cultura, foi viabilizado o Brasil Colônia - Aventuras Capixabas, um RPG criado por brasileiros que tem como cenário o Estado do Espírito Santo durante o período colonial. Valorizando a cultura capixaba de maneira lúdica e enriquecedora - RPG é educação!


Pesquise, experimente, divirta-se


É raro vermos incentivos e medidas que estimulem uma mudança no nosso jeito de ver o mercado brasileiro e que nos façam valorizar nossa própria cultura. Temos ainda muito a fazer para mudar este cenário. E isso depende de nós, da nossa percepção de talentos nacionais e do esforço para mudar nossa posição no mercado de RPGs. Afinal, não adianta nada termos profissionais qualificados, excelentes exemplos de RPG nacional e produção ascendente de games se o público alvo - nós - não se interessa em consumi-los!


Outra grande indicação aqui da Torre do Dragão são os jogos de Jorge Valpaços, autor de materiais fantásticos.

  • Arquivos Paranormais é um RPG sobre investigações de casos insólitos, no qual os jogadores fazem parte de uma agência especial que lida com diferentes fenômenos paranormais; desde fantasmas alucinantes a alienígenas em fuga;

  • Já em Ceifadores, o enfoque está nas controvérsias morais, pois os jogadores são assassinos profissionais que devem executar diferentes alvos a cada sessão;

  • Como último exemplo, Magos Lacunares da Torre Púrpura é um jogo no qual os jogadores são magos aprendizes que devem realizar missões para equilibrar o fluxo de magia no mundo fantástico.

Valpaços e o Lampião Game Studio possuem muitos RPG interessantes que valem a pena!


Outros jogos


Um sistema simples que não sai do meu móvel de cabeceira é Goddess Save the Queen, um RPG no qual personagens mulheres protagonizam missões em busca de tesouros perdidos, itens mágicos e civilizações antigas a mando da Coroa Britânica.

Mas se você é paulistano(a) como eu e quer jogar um sistema baseado nas dificuldades e correrias desta cidade, indico o RPG Busões e Boletos (de Thiago Queiroz e Luiz Lindroth).


“Você acordou, está frio e chovendo. Faça um teste de vontade pra levantar da cama!”


B&B é um RPG que visa colocar os jogadores em situações do dia-a-dia, mas de forma única e divertida.


“Você achou um pote de sorvete no freezer, faz um teste. Falha crítica? É… o pote tá cheio de feijão”


Para concluir, não podemos deixar de mencionar Tormenta que, com muito orgulho, extrapolou a meta do financiamento coletivo, firmando-se como o maior expoente no mercado brasileiro de RPGs de mesa. O jogo, criado em 1999 por Marcelo Cassaro, Rogério Saladino e JM Trevisan, contou com o apoio de mais de 6 mil fãs no financiamento de sua versão comemorativa de 20 anos, batendo recordes com louvor!


Vamos mudar essa situação


Com tanto exemplos, não tem mais desculpa para não consumir RPGs brasileiros, certo? Vamos fazer um esforço em conjunto para mudarmos a ideia antiga de hipervalorização dos RPGs estrangeiros!


Para quem quiser experimentar um pouco desses jogos, temos uma novidade: neste mês de novembro, as Mesas de RPG Gratuitas da Torre do Dragão terão jogos brasileiros! Nós escolhemos dois dos nossos sistemas nacionais preferidos, mas você pode votar para definir qual será jogado!


A votação será entre A Bandeira do Elefante e da Arara e Goddess Save the Queen, ambos descritos ao longo do texto. Fiquem ligados no Discord da Torre do Dragão para votar e jogar!


Ah, um detalhe importante! Teremos narradoras mulheres nesse evento, continuando a incentivar que mulheres sintam-se à vontade para participar! Mesas seguras e respeito são coisas indispensáveis para nós. 


E você? Quais RPG brazucas servem de exemplo e indicação? Deixe nos comentários!


Um abraço e até a próxima!

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